Por Agatha Kuiper
Independente da língua, estamos nos comunicando todo tempo, seja em nossa vida pessoal, social ou no trabalho. Portanto, faz sentido procurar avaliar o que estamos comunicando, como e por quê, ainda mais quando vivemos em uma outra cultura, em um outro pais.
Todos nós sabemos que a comunicação é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Se você se comunica adequadamente com seus parceiros, clientes e fornecedores (stakeholders), a possibilidade de sucesso será maior.
Mas a comunicação adequada é um objetivo bem difícil de ser alcançado e que não passa apenas pela questão da língua: faz parte de uma habilidade a ser desenvolvida. Você pode dominar muito bem uma língua e sua comunicação ser deficiente. Comunicar não é apenas falar: é ser eficazmente entendido naquilo que quer passar e entender o outro claramente nas suas demandas.
Comunicação eficaz no empreendedorismo
O processo de comunicação entre o empreendedor e as pessoas envolvidas no seu negócio é fundamental para um bom entendimento mútuo e para um ótimo relacionamento interpessoal.
Estamos sempre trabalhando e nos relacionando profissionalmente com outras pessoas (ou ao menos deveríamos). Independente se você é um ZZPer (empreendedor individual), se tem sócios ou se é autônomo, a importância continua a mesma – afinal ninguém cresce sozinho.
Se analisarmos o ambiente moderno, onde as pessoas trocam rapidamente e quase sem pensar, o falar pelo escrever – na maioria mensagens curtas e cheias de abreviações – percebemos que a comunicação começa a ficar truncada, e isso tem consequências. Quantas vezes as pessoas nos interpretam mal devido à uma mensagem que enviamos ou um comentário em um post que fizemos?
Mal interpretado – o que fazer
Não digo que você não vá mais enviar mensagens e escrever comentários. Mas fique atento sempre: a comunicação, quando é eficaz, deve ser um ponto para a compreensão, a interpretação e a ação. Por outro lado, a comunicação ineficaz pode levar ao desentendimento, à interpretação incorreta dos fatos e mesmo à inação ou a ações inadequadas.
Se isso está acontecendo com você, nas suas relações de trabalho ou até pessoais, pare para analisar como você está se comunicando e busque feedbacks. “Fui mal interpretado, não foi isso que quis dizer”. Então, questione a pessoa atingida, busque humildemente a clareza de onde errou ou onde foi o ponto problemático da comunicação. E aprenda com a lição: como melhorar para uma próxima vez.
É cada vez mais evidente, neste mundo da informação, reconhecer que é preciso possuir uma certa habilidade para se comunicar com eficácia.
Aprendemos a nos comunicar?
No passado, a arte de se comunicar (ser capaz de expressar idéias e opiniões e entender outras pessoas) era baseada apenas no uso “correto” da linguagem. Hoje em dia, é muito mais do que isso.
A arte de se comunicar não é um processo natural ou uma habilidade com a qual nascemos. Inclusive varia em relação à cultura do país onde fomos criados. Com certeza você vê claramente a diferença na comunicação de quem foi criado na cultura holandesa: diretos e assertivos. Já nos países latinos, a cultura é outra: mais sinestésicos e emocionais, na maioria. Enfim, o que quero dizer é: nós aprendemos a nos comunicar. Portanto, podemos sim melhorar o que aprendemos, para utilizar de forma mais eficaz nosso conhecimento no ambiente onde vivemos hoje: na Holanda. Quantos de nós, com o passar dos anos vivendo neste país, não mudamos a forma como falamos, entendemos e ouvimos! Tenho certeza que você, leitor, tem muitos exemplos disso para contar…
Saber ouvir
Comunicar é algo que NÓS fazemos e NÓS produzimos. Algo que trabalhamos em nós, quando recebemos ou transmitimos uma mensagem. Então você deve concordar que a comunicação não é algo apenas sobre o falar, mas sobre o falar e o ouvir. E essa é outra grande dificuldade (principalmente da nossa cultura brasileira): a habilidade de ouvir. Como vamos nos comunicar bem, se não conseguimos ouvir o outro e entender suas colocações e abordagens?
Escuta seletiva: empecilho ao desenvolvimento
Nós tínhamos uma vizinha aqui na Holanda que nos dava muito trabalho. A casa vivia sempre cheia de pessoas e parentes do mesmo país que ela (ela era estrangeira), faziam muito barulho e ela gritava alto, mais que todos os outros. Incomodava seriamente todos os vizinhos à volta. Sempre que alguém tentava questionar ou argumentar com ela, desistia: não era possível um diálogo, ela não escutava. Começava a se defender e a dizer coisas rapidamente e sem coerência com o que tinha sido colocado, e a pessoa desistia. Eu mesma tentei algumas vezes. Depois, no final do nosso período de moradia nesse local, descobrimos a maior causa de tudo isso: ela era 70% surda. Não ouvia quase nada e isso dificultava toda a comunicação com os outros. Por isso ela se sentia mal compreendida e quem falava não conseguia ter retorno. A falta de audição física era o fator gerador.
E no nosso caso: será que temos uma dificuldade, não física, mas “emocional” de ouvir? Se sim, isso pode estar dificultando seus negócios, suas parcerias e a comunicação com seus clientes, que é essencial.
Ou será que temos uma escuta seletiva? Nesse caso, a pessoa ouve apenas aquilo que quer, e “abafa” outras mensagens e interpretações como, por exemplo, a insatisfação de um cliente ou de um parceiro de negócio. Ao invés de aproveitar isso como uma riqueza, prefere não ouvir.
O ideal é que, quando falamos com alguém, estejamos ativamente engajados em perceber o sentido do que a outra pessoa está dizendo, muito mais do que aquilo que nós estamos dizendo.
Desenvolva a habilidade de comunicar-se
O convite que quero deixar neste artigo é para você avaliar se está ouvindo eficazmente e se está sendo ouvido corretamente. E caso haja “ruídos” nessa comunicação, parta para a busca ativa das causas e trabalhe nessa melhoria. Isso significa que você, aos poucos, desenvolverá a habilidade de comunicar-se e isso irá ajudá-lo muito nos resultados dos seus negócios.